Thaís Carvalho, acadêmica do 8º semestre de Relações Internacionais da Unama

Desde o início da graduação em Relações Internacionais, uma das frases mais recorrentes ouvidas dos professores é que o curso “passa muito rápido” e que é fundamental aproveitar, de forma ativa, todas as oportunidades que ele oferece. Com o decorrer dos semestres, essa percepção se confirmou, evidenciando que a formação em Relações Internacionais não se constrói apenas a partir dos conteúdos teóricos ministrados em sala de aula, mas, sobretudo, por meio das experiências vivenciadas ao longo do percurso acadêmico. Nesse sentido, compreender a importância de se envolver plenamente nas atividades propostas tornou-se essencial para aproveitar de forma significativa a graduação.

Ao longo dos quatro anos de curso, busquei vivenciar intensamente as oportunidades que surgiram, reconhecendo nelas um papel fundamental para a construção da profissional que hoje me torno. A participação em projetos de extensão representou um dos passos mais importantes desse processo formativo, especialmente por possibilitar o contato direto com dinâmicas reais de trabalho em equipes amplas e multidisciplinares.

Nesse contexto, a atuação no projeto Internacional da Amazônia foi determinante para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional, permitindo compreender, de maneira prática, as múltiplas áreas de atuação do internacionalista. Ao longo de mais de três anos, exerço a função de líder da equipe de Cultura e Arte, experiência que contribuiu significativamente para o aprimoramento de habilidades como liderança, organização, comunicação e trabalho coletivo.

Foi no âmbito desse projeto que desenvolvi um interesse mais profundo pela área da cultura, passando a reconhecê-la como um campo estratégico dentro das Relações Internacionais. Essa vivência possibilitou compreender a cultura como um instrumento fundamental de diálogo, cooperação e mobilização social no cenário internacional, influenciando diretamente minhas escolhas acadêmicas e profissionais.

Um dos momentos mais simbólicos da minha trajetória acadêmica foi a participação na delegação brasileira presente no Pavilhão do Climate Live Entertainment + Culture durante a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Essa experiência representou a materialização prática dos conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, ao permitir observar diretamente as dinâmicas da governança climática global. Além disso, reforçou ainda mais o interesse pela área cultural, ao evidenciar como a cultura se configura como um vetor essencial para tornar as pautas climáticas mais acessíveis, sensíveis e próximas das populações mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Paralelamente, a participação nas Simulações das Nações Unidas (SIONU) ampliou de forma significativa minha compreensão acerca do funcionamento das organizações internacionais e das dinâmicas de negociação multilateral. Ademais, a produção acadêmica vinculada ao simpósio associado às simulações contribuiu para o aprimoramento da escrita científica e do pensamento crítico, competências essenciais à formação do internacionalista.

Assim, a experiência de viver ativamente as atividades do curso revelou-se indispensável para a formação em Relações Internacionais, uma vez que é nesses espaços que o conhecimento teórico se articula com a prática. Viver intensamente a graduação significou, nesse percurso, sair da zona de conforto e buscar oportunidades que favorecessem o desenvolvimento acadêmico e profissional, como a participação em eventos, projetos e iniciativas extracurriculares.

Ao longo da graduação, atuei também como redatora de Cultura e Esportes na mídia independente Agência O Observatório, como redatora e tradutora da organização Pour Le Brésil e, mais recentemente, como Communication Advisor do movimento Climate Live Brasil, experiências que ampliaram minha visão sobre comunicação, cultura e engajamento internacional.

Nesse contexto, torna-se fundamental destacar a importância da presença de internacionalistas amazônidas nos espaços de debate global. A Amazônia ocupa posição central nas agendas internacionais contemporâneas, especialmente nas discussões relacionadas às mudanças climáticas, à biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável. No entanto, esses debates muitas vezes ocorrem sem a participação efetiva de sujeitos oriundos da própria região.

A formação em Relações Internacionais a partir da Amazônia possibilita uma leitura situada e crítica do sistema internacional, contribuindo para a construção de narrativas mais plurais e comprometidas com a justiça socioambiental. Assim, a atuação de internacionalistas amazônidas nesses espaços representa não apenas uma conquista individual, mas também um compromisso coletivo com a representação legítima do território amazônico no cenário global.

Dessa forma, as experiências vivenciadas ao longo da graduação ampliaram significativamente minha compreensão sobre o que são, de fato, as Relações Internacionais, transformando a maneira como percebo o mundo e o meu papel nele. Ao concluir o curso, reconheço, com satisfação, que vivi intensamente as oportunidades proporcionadas pelo curso de Relações Internacionais e que essas vivências foram fundamentais para a construção da internacionalista amazônida que sou hoje.