Daiany Lima – acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da Unama.

O Movimento dos Sem Terras, completou, no início deste ano, 40 anos de existência. Símbolo de luta, resistência, ativismo político fervoroso e da organização da classe trabalhadora, o MST desde sua fundação em 1984, promoveu incansavelmente diversos atos e manifestações pelo combate a miséria, a fome e por uma reforma agrária ampla e justa, pauta fundamental do movimento e uma luta constante em nosso país.

Nascido durante o período da Ditadura Militar Brasileira, como retaliação a sua luta por dignidade e justiça, o Mst resistiu à perseguições, atentados contra a vida de seus membros e lideranças como o assassinato de Dorothy Stang, integrante da CPT, ela liderou o primeiro projeto de desenvolvimento sustentável na região (PDS) de Anapú, lutava pela regulamentação da terra para os trabalhadores e contra a violência dos latifundiários, que foi morta à queima roupa em Anapú, no Pará e diversas Comissões Parlamentares De Inquérito (CPI), na finalidade de promover o fim desse movimento como ocorreu no ano de 2023, quando o deputado federal e ex-ministro do meio ambiente do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Ricardo Salles (PL-SP), atualmente réu em uma ação que apura um esquema de exportação ilegal de madeira e notório contraventor ambiental, foi relator da “CPI do Mst”, que visava criminalizar o movimento.

Mas Afinal, por que o Movimento Dos Sem Terras tanto incomoda a elite política e econômica brasileira? 

 A resposta é simples: o Mst surge para que a posse de terra que está sem funcionalidade social nas mãos dos grandes empresários passe a ser controlada por trabalhadores que atuam na agricultura, gerando assim os assentamentos. São nesses assentamentos que ocorre a produção de alimentos sem nenhum tipo de contaminação via agrotóxicos, como o arroz, por exemplo, alimento esse que fez o Movimento ser o maior produtor da América Latina de arroz orgânico (Mst.org)

E vale ressaltar que a reforma agrária não é impossível de colocar em prática, na China, por exemplo, ocorreu a Revolução Chinesa liderada por Mao Tser Tung em 1949 que, como parte de sua agenda de reforma agrária, realizou a expropriação de terras, assim como aconteceu no Japão que, em 1946, efetivou a Lei Da Reforma Agrária, que limitava o número de terras que uma pessoas poderia possuir e incentivava a redistribuição de terras.

Tais ideais bebem da fonte do importante filósofo Karl Marx (1818-1883)que em sua obra O Capital (Volume I) expressa suas críticas aos latifundiários no contexto capitalista, ele diz que esses detém o poder da terra juntamente com a burguesia para que o poder econômico e político permanecesse com a elite, enquanto os trabalhadores sofresse com a exploração e alienação do trabalho.

Portanto, nota-se que as ideias de Marx perduram até a atualidade e que o Movimento dos Sem Terras praticam na materialidade aquilo que foi escrito há mais de cem anos. Viva a luta do povo camponês, Viva os 40 anos do MST! 

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Catarina. Irmã Dorothy segue inspirando luta camponesa, 15 anos após ser morta por fazendeiros. Brasil de Fato. 12/02/2020. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2020/02/12/irma-dorothy-segue-inspirando-luta-camponesa-15-anos-apos-ser-morta-por-fazendeiros

MONCAU, Gabriel. MST completa 40 anos com ‘cicatrizes’ da luta pela terra e disputa pelo modelo de agricultura no país

Brasil de Fato. 22/01/2024. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2024/01/22/mst-completa-40-anos-e-se-torna-o-movimento-popular-campones-mais-longevo-da-historia-do-brasil 

DE MEDEIROS, Catiana. Mst reúne 4 mil pessoas para celebrar a maior produção de arroz orgânico da América Latina. 17/03/2023. MST ORG. Disponível em https://mst.org.br/2023/03/17/mst-reune-4-mil-pessoas-para-celebrar-a-maior-producao-de-arroz-organico-da-america-latina/

DE CARVALHO, Cícero Péricles. Regulação do sistema agroalimentar japonês. Estudos Sociedade e Agricultura, 1999.

LISBOA, Manoel.O Falso Socialismo Chinês, 2007.