Tiago Callejon Santos – Internacionalista formado em Relações Internacionais pela Unama

No fim de semana que se aproxima, isto é, da sexta-feira do dia 15 até domingo do dia 17, está previsto para acontecer as novas eleições presidenciais na Rússia. Como de costume e baseado no histórico das últimas eleições, o atual presidente, Vladimir Putin, novamente encontra-se vigente a participar enquanto candidato às eleições, bem como também se demonstra ser o grande favorito para ganhar novamente as eleições, visto que o mesmo enfrentará três outros “falsos” adversários às eleições, porém nenhum deles com chances reais e viáveis para ganhar (Poder 360, 2024).

Os outros três adversários são eles: Leonid Slutsky, Nikolay Kharitonov e Vladislav Kahritonov. Todos esses três rivais possuem duas coisas em comum, ambos são favoráveis à campanha militar à Ucrânia, portanto, são favoráveis à manutenção e à continuidade do conflito que permeia a Rússia e Ucrânia, bem como, segundo os críticos do governo, todos os três são caracterizados como “falsos” adversários de Putin nas eleições para poder demonstrar ao público em geral que o atual governo detém um resquício mínimo de democracia ao incorporar rivalidade entre os quatro candidatos (Exame, 2024).

Sob estas questões que consegue se perceber claramente que o povo russo, em geral, não consegue observar outra opção viável à presidência do país senão na figura de Vladimir Putin. Muito disso se deve ao fato do mesmo estar na presidência há mais de 20 anos e estar se preparando para assumir mais novos 6 anos de mandato, uma vez que ele já organizou, em longo prazo, nos âmbitos culturais e políticos, todo uma conjuntura e organização estrutural para beneficiar a efetividade de seu jogo político, tanto na política doméstica da Rússia quanto na Política Externa da Rússia aos seus países aliados em acordos bilaterais e multilaterais (BBC News Brasil, 2024).

Com a efetivação do Putin ao novo mandato, pode-se presumir que, em termos geopolíticos, por exemplo, a Rússia manterá boas relações e acordos bem estruturados com os vários países dos BRIC’S, sobretudo com China e Brasil, aliados de longa data do país. Sob esse viés, segundo Felipe Labruna (2024), com a estabilidade política da Rússia na manifestação do governo do Putin, as convergências e os acordos bilaterais com esses países se mantém mais fortes, duradouros e estáveis, mantendo uma boa relação e comunicação, bem como no fortalecimento dos BRICS, tanto que o próprio bloco em questão teve um aumento no seu número de integrantes no ano de 2024, portanto, aumentando ainda mais o seu poder, influência e estruturação no jogo geopolítico global (CNN Brasil, 2023).

Nesta perspectiva da Rússia aos BRIC’s, por exemplo, pode ser compreendida sob o aspecto da teoria da Governança Global proposta por James Rosenau, o qual assume que há uma necessidade dos Estados e dos demais organismos em buscar a cooperação de problemáticas e de soluções, no Sistema Internacional, que não seriam devidamente supridas apenas pelas ações dos Estados, então outros meios de gestão e soluções coletivas são necessárias para dinamizar o Conjunto Internacional, e como a iminente nova eleição do Putin, o aparato dos BRIC’s e os acordos bilaterais e multilaterais que sucedem desta estariam efetivamente seguras e consolidadas, dinamizando e permeando um estado de estabilidade entre esses atores.

Por fim, no efeito destas explicações, Labruna (2024) expõe que os legados políticos trazidos nos governos anteriores do Putin foram marcados fortemente pela reestruturação do quadro econômico do país que se encontrava em estado de crise financeira, sobretudo no período do primeiro mandato, e que, conforme foi avançando, trouxe novas dinâmicas para o próprio setor econômico da Rússia, mais especificamente em seu terceiro mandato, que teve como característica principal a estruturação de uma efetiva dinâmica e logística de transporte de gás natural, xisto e petróleo em toda a Europa, tornando a Rússia um grande ator em paralelo a essas questões no continente europeu e das suas relações aos países da Ásia.

Portanto, além de toda a conjuntura política já protagonizada e incorporada por Putin em seus mandatos anteriores, ele conseguiu estabelecer bem o seu domínio e relevância política no imaginário cultural do povo russo, permitindo-lhe se reeleger em vários outros mandatos, por conseguinte, sobretudo nas eleições de agora.

Referências:

Cinco pontos-chave sobre as eleições presidências na Rússia. AFP, Exame, categoria Mundo. Brasil, 2024. Disponível em https://exame.com/mundo/cinco-pontos-chave-sobre-as-eleicoes-presidenciais-na-russia/

LABRUNA, Felipe. Eleições presidenciais russas em 2024 e seus impactos sócio-econômicos-jurídicos no Brasil. Migalhas, Migalhas de Peso edição n° 5.806. Publicado em 05 de janeiro de 2024, Brasil. Disponível em https://www.migalhas.com.br/depeso/401282/eleicoes-presidenciais-russas-em-2024-e-seus-impactos-no-brasil

MENDES, Diego. Entrada de novos países nos Brics faz bloco ganhar relevância no mundo, dizem economistas. CNN Brasil. Publicado em 24 de agosto de 2023, atualizado em 25 de agosto de 2023 às 11:32. Brasil, 2023. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/economia/entrada-de-novos-paises-nos-brics-faz-bloco-ganhar-relevancia-no-mundo-dizem-economistas/#:~:text=Com%20essa%20nova%20forma%C3%A7%C3%A3o%2C%20o,Emirados%20%C3%81rabes%2C%20Eti%C3%B3pia%20e%20Ir%C3%A3

Putin terá 3 adversários na eleição presidencial russa. Poder 360. Publicado em 11 de fevereiro de 2024, Brasil. Disponível em https://www.poder360.com.br/internacional/putin-tera-3-adversarios-na-eleicao-presidencial russa/#:~:text=A%20Comiss%C3%A3o%20Eleitoral%20Central%20da,15%20a%2017%20de%20mar%C3%A7o.

ROSENBERG, Steve. Por que muitos russos não veem alternativa a Putin nas próximas eleições. BBC News Brasil. Publicado em 10 de março de 2024, Brasil. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/articles/ceqjeydgyxlo